De olho no Oscar: filmes internacionais premiados se tornam oportunidade de investimento

Em uma iniciativa que une o mercado financeiro à indústria audiovisual, a Hurst Capital, maior plataforma de ativos alternativos da América Latina, lança uma operação que permitirá que investidores co-invistam na exploração comercial de filmes internacionais de alto perfil, muitos deles já cotados para grandes premiações como o Oscar e o Globo de Ouro de 2026. A estratégia é viabilizada através de parceria com a distribuidora Retrato Filmes, que atua na aquisição de títulos exibidos em festivais de prestígio como Cannes, Berlim e Toronto. Os investimentos serão feitos por meio de Certificados de Recebíveis atrelados a uma carteira diversificada de obras com performance potencial de até 2,5 vezes o custo de comercialização.

“Apostar em filmes que estão em campanha para o Oscar muda o patamar de retorno do investimento. Com uma estratégia de distribuição assertiva, conseguimos ampliar significativamente o alcance e as receitas desses projetos,” explica Laura Rossi, Head de Investimentos em Audiovisual da MUV Capital, divisão da Hurst focada em entretenimento. Laura acaba de assumir o posto após passagem como produtora executiva da Gullane.

A operação conecta o capital privado a uma das etapas mais lucrativas da cadeia audiovisual: a distribuição. Os filmes serão lançados comercialmente entre setembro de 2025 e março de 2026, com geração de recebíveis distribuídos mensalmente. O portfólio inclui seis títulos de gêneros e nacionalidades variadas, como o drama histórico Dois Procuradores (coprodução que envolve França, Alemanha, Holanda, Lituânia, Letônia e Romênia - premiado nos festivais de Cannes e Londres), a narrativa sobre acessibilidade Surda (Espanha), os nacionais Apanhador de Sonhos (terror com Klara Castanho) e Cordélicos (animação inspirada na literatura de cordel), além dos favoritos ao Oscar 2026 Sirat (Espanha) e Woman and Child (Irã).

“Com essa nova estrutura, a Retrato Filmes se posiciona como uma distribuidora-chave na América Latina. Estamos dobrando nossa atuação em lançamentos internacionais e criando caminhos para levar filmes premiados ao público brasileiro e latino-americano,” destaca Daniel Pech, cofundador da empresa.

A primeira operação recebe um aporte inicial de US$ 1 milhão, com foco em filmes em destaque na edição 2025 do Festival de Cannes. A proposta também busca consolidar acordos em festivais como Veneza e Toronto ainda este ano.

Com uma população de mais de 200 milhões de habitantes e 3.500 salas de cinema — um terço delas concentradas em São Paulo —, o Brasil é território estratégico para a indústria. Em 2024, foram vendidos 125 milhões de ingressos e gerados R$ 2,4 bilhões em bilheteria.

“Muitas vezes o público não ignora um filme por falta de interesse, mas simplesmente porque ele não chegou até ele. Com os recursos certos, conseguimos dar visibilidade a obras relevantes,” afirma Felipe Lopes, também cofundador da Retrato.

Para Arthur Farache, CEO da Hurst Capital, o modelo de co-investimento privado é uma alternativa importante diante da ausência de incentivos públicos à distribuição audiovisual no país desde 2018. “Estamos empolgados em unir nossa expertise financeira à sensibilidade artística da Retrato Filmes. Vamos oferecer ao público brasileiro histórias que informam, emocionam e inspiram — e, ao mesmo tempo, democratizar o acesso ao investimento cultural.”

Financiamento para produções originais

Farache comentou sobre democratizar o acesso a investimento cultural porque, além da oportunidade para investidores, a MUV Capital está abrindo espaço para artistas e produtoras que buscam transformar direitos autorais de suas obras em ativos que financiam novos projetos. A gestora já investiu em produções internacionais como Swimming Home e The Summer Book, e agora expande sua atuação no Brasil com estrutura própria para investir em filmes, músicas e espetáculos.

“Essa nova operação marca o início de uma era em que o investidor pode fazer parte do sucesso de uma obra cinematográfica — não apenas como público, mas como financiador do seu alcance no Brasil e na América Latina”, afirma Farache.

Sobre a MUV Capital

A MUV é uma originadora de ativos musicais e cinematográficos, que une o mercado financeiro ao setor cultural em prol do desenvolvimento artístico. A empresa faz parte da maior plataforma de ativos reais da América Latina, Hurst Capital. No Brasil, a MUV é pioneira na aquisição de catálogos musicais para disponibilização de seus royalties aos investidores. Sua missão é incentivar o investimento em ativos alternativos e democratizar o acesso ao capital para a criação de novos projetos do mercado criativo. 

Sobre a Retrato Filmes

A Retrato Filmes é uma distribuidora focada na ampliação dos públicos do cinema independente em todas as telas. Desde 2024, se destacou no mercado brasileiro com filmes premiados nos maiores festivais de cinema e conquistou a atenção do público nas salas, na TV e no streaming. Dentre seus principais lançamentos estão “Salão de Baile: This is Ballroom” (CPH:DOX, premiado no Festival do Rio e no Mix Brasil), “Alma do Deserto” (Queer Lion no Festival de Veneza), “Maré Alta” (South by Southwest) e o relançamento em 4K de “Cidade dos Sonhos”, obra-prima de David Lynch. Em 2025, a Retrato firmou uma parceria inédita de investimento privado com a MUV Capital, ampliando o seu catálogo com filmes internacionais de destaque nos principais festivais. A distribuidora irá lançar comercialmente no Brasil três filmes exibidos em competição no último Festival de Cannes: “Sirat” (Prêmio do Júri), “Woman and Child” e “Dois Procuradores” (Two Prosecutors). Também este ano, lança “Surda” (Sorda), Prêmio do Público no Festival de Berlim. Em relação a filmes nacionais, prepara o lançamento do terror “Apanhador de Almas”, com Klara Castanho, “Salomé” (sete prêmios no Festival de Brasília, incluindo Melhor Filme) e “Ruas da Glória”, dentre outros.