Hepatite A, caso do noivo de Juliette expõe riscos pouco conhecidos e evitáveis

26/06/2025 15:17

Internação de Kaique Cerveny, noivo da cantora Juliette, mostra que a hepatite A não é “coisa de criança” e pode afetar adultos jovens saudáveis. A Dra. Patricia Almeida, hepatologista do Hospital Albert Einstein, alerta: práticas sexuais, alimentos crus e até gelo contaminado estão entre as formas pouco faladas de transmissão. Vacina é a melhor forma de prevenção, mas nem todo mundo sabe disso
 

A internação de Kaique Cerveny, noivo da cantora Juliette, acendeu o alerta para um cenário ainda mal compreendido: o risco da hepatite A em adultos jovens, saudáveis e ativos. Inicialmente tratado como uma suspeita de torção abdominal ou dengue, o caso reforça que a infecção pelo vírus da hepatite A (HAV) pode surpreender e nem sempre é rapidamente reconhecida.

“É um vírus muito contagioso, e ainda existe a ideia equivocada de que é uma doença da infância ou de populações com más condições de higiene. Mas, a realidade é que adultos saudáveis, que nunca foram vacinados, também estão vulneráveis”, explica a Dra. Patrícia Almeida, hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

A hepatite A é transmitida, principalmente, pela via fecal-oral, ou seja, por água ou alimentos contaminados com o vírus. “Mas o que muita gente não sabe é que práticas sexuais específicas, como o sexo oral-anal, também estão entre as formas mais relevantes de transmissão entre adultos. É um tema que ainda sofre resistência para ser discutido, mas é essencial para prevenir novos casos”, afirma a médica.

O contágio também pode ocorrer por meio de gelo feito com água contaminada, frutos do mar crus, vegetais mal lavados e até sucos naturais de procedência duvidosa. “É algo do cotidiano. E é por isso que os surtos continuam acontecendo mesmo em centros urbanos, em pessoas que têm boa condição de vida”, alerta.

Hepatite A pode ser evitada com vacina. O imunizante está disponível no SUS para crianças e para grupos de risco específicos, como pessoas com HIV ou doenças hepáticas crônicas. Mas, fora desses grupos, a vacina está amplamente disponível na rede privada e é indicada para todos os adultos não vacinados.

“Poucos adultos lembram de checar se tomaram essa vacina na infância. E a maioria dos casos graves que atendemos são justamente de pessoas que nunca tiveram contato com o vírus e não foram imunizadas”, afirma a Dra. Patrícia.

Segundo a especialista, com a melhora do saneamento no Brasil, muitas crianças deixaram de ter contato com o vírus naturalmente o que é excelente. Mas, como consequência, essas mesmas pessoas chegam à vida adulta sem imunidade. “É uma geração vulnerável que não sabe disso. O caso do noivo da Juliette é só um exemplo de um problema muito maior: a falsa sensação de segurança em relação a uma doença que ainda circula”, diz.

A Hepatite A costuma ter boa evolução, mas não é sempre leve e pode ser confundida com outras doenças. “Informar, vacinar e não tratar essa infecção como algo ultrapassado são os primeiros passos para se proteger”, conclui a médica.

 

Dra. Patrícia Almeida

CRM SP 159821

  • Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (2010)
  • Residência Médica em Clínica Médica no Hospital Geral Dr César Cals em Fortaleza-CE- (2011-12)
  • Residência em Gastroenterologia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo-(USP RP) (2013/15)
  • Aprimoramento em Hepatologia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP RP)- (2016)
  • Aprimoramento em Transplante de fígado no Hospital das clínicas da Universidade de São Paulo (USP RP) (2017)
  • Observership no Jackson Memorial Hospital em Miami/EUA 2017
  • Doutorado em Hepatologia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
  • Título de Especialista em Gastroenterologia pela FBG Título em Hepatologia pela SBH
  • Hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein