Mileide Mihaile fala sobre criação do filho em podcast, e especialista em neurociência analisa abordagem: “O ‘não’ também educa”

19/07/2025 17:04

 

A influenciadora digital Mileide Mihaile foi a convidada desta semana do podcast Bagaceira Chique, comandado por Luciana Gimenez, e chamou atenção ao comentar sua estratégia para lidar com o uso de telas pelo filho. Durante o bate-papo, Mileide contou que evita dizer “não” de forma direta quando ele está no celular, preferindo redirecionar sua atenção com outras propostas — como sugerir um passeio ou uma atividade em família.

 

"Eu nunca digo não, mas eu sempre invento algo... quando vejo que ele tá muito aficionado, eu penso: ‘o que que eu vou falar agora para ele não entender que eu tô tirando?’”, contou Mileide. “Eu não falo não, porque acho que não ativa... até a gente que já é adulto, se ouve ‘não’, quer mais ainda, né?”.

 

Link do trecho: https://www.instagram.com/reel/DMSe25iRCsL/?igsh=MWJuZXJwbzkyenE3bQ%3D%3D

 

A fala gerou repercussão e foi comentada pela especialista em neurociência e desenvolvimento infantil Telma Abrahão, autora de best-sellers sobre educação e saúde emocional. Segundo ela, embora a estratégia da influenciadora seja válida em alguns contextos, é importante lembrar que o “não” também tem papel essencial na formação emocional da criança.

 

“Evitar todas as frustrações pode parecer um gesto de amor, mas, na prática, priva a criança da chance de construir resiliência. É como impedir um músculo de ser treinado”, explica Telma.

 

A especialista ressalta que, na infância, o cérebro está em pleno desenvolvimento, especialmente nas áreas responsáveis pela autorregulação, controle dos impulsos e tomada de decisão: “Ao ouvir um ‘não’ firme e respeitoso, e ao ser ajudada a lidar com a frustração que vem em seguida, a criança ativa circuitos cerebrais ligados ao córtex pré-frontal, região responsável por regular emoções e planejar comportamentos. Ou seja, ela não apenas escuta o limite, como aprende a lidar com ele. Do ponto de vista da neurociência, o cérebro infantil precisa de experiências de limite para amadurecer estruturas responsáveis pelo controle emocional e pela tomada de decisões”.

 

Para Telma, o “não” — quando dito com respeito, presença e afeto — é mais que uma negativa: é um presente. “Ele ensina à criança que ela é capaz de atravessar emoções difíceis com o apoio de um adulto. E isso é uma das maiores bases para a saúde mental na vida adulta”.

 

O debate entre práticas parentais mais flexíveis e a importância dos limites segue cada vez mais presente nas conversas sobre educação. Ao trazer à tona sua experiência pessoal, Mileide contribui para esse diálogo necessário — e especialistas como Telma Abrahão reforçam que, quando o afeto e a presença caminham lado a lado com a firmeza, é possível criar filhos mais seguros, resilientes e emocionalmente preparados para o futuro.