Quando a palavra fere: o uso da linguagem no contexto evangélico

13/08/2025 14:15

Doutor em Linguística, Lucas Nascimento explora o impacto da palavra nos púlpitos e o caminho para uma comunicação cristã mais ética

Nos últimos anos, o discurso cristão passou a ocupar mais espaço na esfera pública, mas essa visibilidade nem sempre tem sido acompanhada por responsabilidade no uso da linguagem. Declarações ofensivas, falas que reforçam estigmas e conflitos públicos protagonizados por líderes religiosos revelam uma distorção preocupante: a tentativa de defender valores do Evangelho com termos que contrariam a própria mensagem que se deseja anunciar. A partir dessa análise, Lucas Nascimento, doutor em linguística, lança a obra O veneno da língua: O desafio evangélico de falar a verdade sem ferir.

Com pós-doutorado pela Universidade de São Paulo, o pesquisador investiga o que chama de “veneno da língua”, ou seja, discursos que provocam indignação e humilhação. Ele destaca casos de xenofobia contra nordestinos e ataques a pessoas LGBTIQIAPN+, violência de gênero, racismo e intolerância religiosa como exemplos de falas que violam a dignidade de grupos vulneráveis.

Se os evangélicos desejam ser luz, precisam se importar com os grupos vulneráveis, o que inclui a população LGBTI+. Nesse sentido, é fundamental despertar a necessidade de prestar atenção cuidadosa aos grupos vulneráveis para não se cair numa humilhação contestável em nome de uma crítica aceitável. Para compreender o princípio de distinção entre “humilhação contestável” e “crítica aceitável”, peço que recupere na memória a regra de ouro de Jesus: ‘Em todas as coisas façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam’ (Mt 7.12). (O veneno da língua, p. 120)

Para mudar esse cenário, a proposta do especialista é adotar uma interpretação mais cuidadosa e aplicar a “presunção de humilhação” para uma comunicação mais ética. É necessário entender que certas falas ou atitudes podem ser humilhantes para quem está em posição vulnerável, mesmo que essa não tenha sido a intenção. Isso, segundo o autor, ajuda a promover mais respeito e proteção para ambas as partes.

Neste lançamento da Editora Mundo CristãoNascimento ainda apresenta quatro competências fundamentais para a construção de um discurso sem preconceito: primeiro, ouvir diferentes pontos de vista antes de formar uma opinião; em seguida, definir o objetivo e o formato da mensagem; depois, escolher palavras claras; e, por fim, ajustar o tom e o ritmo da fala ao contexto de cada conversa.

Ao apontar caminhos práticos para uma comunicação mais respeitosa, o pesquisador lembra que falar a verdade sem ferir não é apenas um desafio, mas um compromisso espiritual e social. A obra convida os cristãos a cultivarem uma linguagem que reflita o amor, a justiça e a sabedoria: uma fala que cura e acolhe, mesmo em meio às diferenças.

Ficha técnica
Título: O veneno da língua
SubtítuloO desafio evangélico de falar a verdade sem ferir
Autor: Lucas Nascimento
Editora: Mundo Cristão
ISBN: 978-65-5988-471-1
Páginas: 160
Formato: 13,5x20,5cm
Preço: R$ 59,90
Onde encontrarAmazon

Sobre o autor: Lucas Nascimento é evangélico, palestrante, pesquisador e professor-adjunto de Linguística na Universidade Estadual de Feira de Santana, atuando no Departamento de Letras e Artes e no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, onde orienta programas de mestrado e doutorado. É doutor em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia e pós-doutor pelo Programa de Filologia e Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo.

Instagram: @comlucasnascimento

Sobre a editora: Fundada em 1965, a Editora Mundo Cristão é referência na publicação de Bíblias e livros de ficção e não ficção pautados por uma postura teológica cristã equilibrada e histórica. Com um catálogo diverso, a editora promove o crescimento espiritual e pessoal de seus leitores.  

Instagram@mundocristao